Para minha Pequena Graça.
— Você, por exemplo, me comeria?
Aquela pergunta me soou um tanto escabrosa. Quase me engasguei com a minha bebida. Absinto no meio da tarde de uma quinta-feira, veja você. Preciso parar com essa mania de beber todo dia. Mas é tão difícil abrir mão do meu drinque de fim da tarde. Então, eu simplesmente não abro. E agora aquele homenzarrão ali, na minha frente, segurando minha mão e fazendo uma abordagem daquele tipo, que de tão grotesca, beirava a obscenidade. Pedi outra dose para ganhar tempo e coragem de levar o papo adiante. Poderia entrar na onda e dizer que sim, e depois sair pela tangente alegando estar bêbada. Mas achei que seria escroto por demais da minha parte fazer a dissimulada com um assunto tão delicado para ele. Fiz-me de desentendida, então:
— É uma retórica, certo?